quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Lideranças Indígenas da comunidade pataxó juntamente com o Ministro da defesa Nelson Jobim na inauguração da ponte na aldeia Barra Velha


O prefeito de Porto Seguro, Jânio Natal, e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, inauguraram, no a ponte de acesso à aldeia Barra Velha, perto de Caraíva. Centenas de índios da comunidade Pataxó prestigiaram o evento, que contou ainda com as presenças do vice-prefeito Miguel Ballejo, dos secretários municipais Paulo César Magalhães (Litoral Sul), Eudes Faria (Saúde) e Rita Valiense (Educação), além do chefe da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Porto Seguro, José Valério, e de vários caciques e lideranças indígenas da região.



Originalmente construída em madeira, há quase duas décadas, a chamada ponte do Porto do Boi estava intransitável há mais de cinco anos, deixando o local inacessível para automóveis, ônibus e caminhões. "Quando caía alguém doente, a gente tinha que atravessar o rio com a pessoa nas costas", lembra José Sales dos Santos, o Maçaranduba, 58 anos, enquanto observa, satisfeito, um caminhão atravessar a nova ponte. "Há cinco anos que não passava um carro aqui. Agora, já temos até linha de ônibus da aldeia para Eunápolis", comemora. "A construção dessa ponte, em concreto, é um fato histórico, que vai ficar para os nossos netos", destacou ele.

A ponte liga a aldeia de Barra Velha à região de Monte Pascoal e às vias de acesso à BR-101, facilitando o deslocamento dos moradores para as cidades de Itabela, Itamaraju e Eunápolis, por exemplo, e a outras aldeias indígenas da região. Além disso, a ponte viabilizará o acesso de turistas a Caraíva, passando por Barra Velha, o que criará novas perspectivas de desenvolvimento local.

Homenagem especial

Na chegada a Barra Velha, Nelson Jobim e Jânio Natal foram cercados pela multidão e receberam uma homenagem especial, com direito a música e dança típicas do povo Pataxó. Em seguida, ao lado de dezenas de pessoas, eles vistoriaram a ponte, que tem 65 metros de extensão e foi construída com recursos próprios do município. O ministro ficou satisfeito com o que viu. "A ponte é uma obra importante, ela representa um instrumento de integração e autonomia para a comunidade. Tanto é assim que as pessoas estão radiantes", disse Nelson Jobim.

Era o caso de Adalto Pataxó, administrador da aldeia. Para ele, Jânio Natal tem grande respeito pelos índios. "Ele nos ensinou a acreditar no verdadeiro papel do político", disse. Zeca Pataxó, da Funai, falou do momento de alegria para os índios. "Estamos diante de uma conquista, da realização de um sonho, graças ao empenho de nossa comunidade e do prefeito de Porto Seguro", ressaltou. "Todos nós trabalhamos juntos e aí está o resultado", completou Romildo, cacique de Barra Velha.

Dignidade para os índios

Jânio Natal afirmou que "índio tem que viver com dignidade" e lembrou que a obra reafirma seu compromisso com o bem-estar e a qualidade de vida da comunidade indígena. "Tudo o que for necessário fazer pelo povo Pataxó, nos faremos, porque o povo Pataxó representa não apenas o povo de Porto Seguro, mas todo o povo brasileiro", declarou.

O prefeito também fez questão de valorizar a equipe, citando nominalmente várias pessoas que têm contribuído com sua administração, como o vice Miguel Ballejo. "O sucesso de minha administração passa pelas mãos de Ballejo, que é sincero, honesto e conhece a realidade do nosso povo", afirmou Jânio. "A gente se sente orgulhoso ao fazer aquilo que o povo precisa. Sinto-me feliz e realizado por mais esta obra", afirmou Ballejo. O prefeito e o vice anteciparam à comunidade que, em breve, serão levados cursos de informática à escola municipal da aldeia.

Falando à comunidade Pataxó, o ministro Nelson Jobim afirmou que "a lembrança que fica é daquilo que as pessoas fazem ou deixam de fazer, porque as boas intenções desaparecem. As obras mostram a atenção do prefeito e tudo o que tem sido feito pela comunidade". Segundo ele, a construção de uma ponte definitiva "tem um significado de resgate e reconhecimento" da comunidade indígena local. "Levarei ao presidente da República a percepção do que vi, de que o Brasil vai dar certo, como está dando certo aqui", completou Nelson Jobim.

Novas perspectivas para a economia

Para os índios de Barra Velha e também para os moradores de Caraíva, a construção da ponte representa a chegada de um novo tempo, em que os índios estão diante da oportunidade de desenvolver a agricultura e o artesanato. "A gente planta coco, feijão, milho, mandioca, pimenta-do-reino, cria gado e pesca, mas o principal é o artesanato com sementes de tento, juerana, sabão de macaco e pariri", diz Maçaranduba.

Segundo ele, no entanto, exceto o artesanato, as demais atividades estavam prejudicadas pela inexistência da ponte. "A ponte era a nossa preocupação; agora, vamos pensar em outras coisas. Há cinco anos que a gente só produzia para subsistência, mas vamos voltar a produzir", acredita ele, lembrando do tempo em que "tirava" dali "caminhões de feijão, abóbora e melancia".

Por: Zeca Pataxó Liderança Indígena no Extremo Sul da Bahia

Com informações: Sollo.com.br

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